A notícia se espalha do Caburaí ao Chuí, que nem a geografia é ciência exata nesses dias. Palhaços assustadores têm aparecido no Brasil, e agora, cada vez mais, nas plagas gaúchas. Ações de marketing ou bobajada mesmo? Difícil explicar para meu filho de nove anos, que tem se atormentado com o tema…
Mas o problema parece estar tomando dimensões inusitadas. Nestes dias, no Litoral Norte, um rapaz de 17 anos, devidamente mascarado e com um facão, saiu a assustar gentes. A polícia, acionada, foi desrespeitada, e o palhaço acabou no xilindró, salvo pela mamãe, no fim da festa. Nessa torrente viral, fotos e vídeos pipocam nas redes, cada vez mais, espalhando o pavor infantil.
Sobre isso, aliás, me recordo de um tempo, lá se vão 40 anos, mais ou menos, em que se podia sair a brincar com as crianças na rua, em Porto Alegre. Pois foi numa praça em frente ao Zaffari Ipiranga, em pleno inverno, que aconteceu o evento: um colega da turma de rua, o Tamyres (dizem que está na Itália, agora), cedo da noite, vestiu um casacão e uma máscara, indo sentar-se, de costas, no banco da praça. Nós, os outros, assistíamos à cena. Aos poucos, foi um tal de ama-seca recolher criança, mamãe pegar fedelho pela mão, etc. Quando ele virou, então… Deus nos acuda!
Histrionismos adolescentes à parte, a mundialização da coisa parece ser fruto de flagrantes de palhaços postados em locais ermos, nos EUA. Muitos acham que essa onda de killer clowns é apenas uma ação de marketing chamando atenção para a estreia, em setembro de 2017, do remake do filme It: a coisa, adaptado do livro de rei do terror, Stephen King. A película televisiva fez grande sucesso em 1990, ao contar a trama de um grupo de amigos que enfrentava as forças do mal, manifesta num palhaço assassino, Pennywise.
E aqui, quem não recorda da lenda em cima do boneco Fofão, de que, intestinamente, guardaria um punhal?! Sinistro, não? E eu que já achava ele com uma cara escrotal…
Mas, deixando de lado as preocupações pueris, em termos de política, às vezes me sinto tratado como criança. Por mim, que se danem todos os vendilhões e roubalhões do templo de Niemeyer; todos, mas todos mesmo, deveriam estar presos, tanto faz se forem coxalhas ou petrinhas. E devem devolver tudo, tudinho que roubaram. Agora, só vou me convencer mesmo de que a Justiça seja isenta mesmo no dia em que, desculpe-me o IBAMA, eu ver um tucano engaiolado! Enquanto isso, há um cheiro forte de circo no ar.